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Poemas autorais

Você decorou...
Você decorou quantas tatuagens fiz,
Quais são minhas cores favoritas,
Decorou as mensagens que te fiz,
E até a minha música preferida.
Se esforçou para decorar nossas datas,
Falar boas palavras,
Planejou boas falas,
Decorou o monólogo do amor perfeito,
Mas não sabe dos meus anseios,
Nem dos meus defeitos.
Não descobriu como amo a lua,
Não me deu uma parte que fosse sua.
Não sabe como me acolher,
Não sabe o que faço sem você.
Não me perguntou quando quis escolher,
Não conheceu quem sou eu sem você.
Você apresentou um monólogo seu,
Não foi nosso, muito menos meu.
Foi um espetáculo perfeito:
Um amor ensaiado, quase feito...
Talvez nosso erro tenha sido nos fazer coadjuvantes para que o outro fosse principal.
Vivemos um romance, pena que foi uma peça teatral.
Dos mais planejados atos,
Um amor perfeito, mas irreal.
Dos mais belos,
Bonito, mas fatal.
Dos mais longos,
Chegando ao final.
Atuando
Palavras bem pensadas, até que sejam pronunciadas.
Sentimentos evitados para não serem evidenciados.
Atitudes que cumprem o roteiro,
Milimetricamente pensadas o tempo inteiro.
Mas aí já nem penso,
Porque pensar me faz questionar se quero isso.
E penso
Que isso é merecido.
Quem não fica feliz em ser amado?
Eu me pergunto para afirmar que devo gratidão.
Quem não fica bem quando é cuidado?
Me questiono quando procuro emoção.
E é confortável atender suas expectativas, elas parecem corretas.
É monótono viver nossa rotina, elas parecem novela.
Sem trama, sem clímax, mas um programa.
Minha zona de conforto é a nossa monotonia.
Minha zona de desconforto é meu querer.
Me incomoda o cômodo mas me desconforta desconsertar você.
Você me quer tanto e ama nosso nós,
Mas não enxergo ele quando estamos a sós.
É reconfortante ver você feliz realizando nossos planos,
Mas aí me pego pensando que são apenas seus planos.
Ela
Dentre mares que conheci, nenhum me inunda como ela.
Toda boca que já vi, nenhuma como a dela.
Dentre os livros que já li, nenhum deles a descreve.
Os versos que te escrevi, todos eles muito breves.
Percorri caminhos sem querer te encontrar,
Mas quando te encontrei, não quis mais te largar.
Porque andava sem pensar em te querer,
E quando quis, não soube nem o que fazer.
E todos os beijos que ganhei foram nada até o dela,
Porque tudo se desfez no primeiro toque nela.
E quando reparei, cinza virou aquarela,
Hesitei, mas não resisti a ela.
Linda, você me faz tão bem,
E eu não sei o que você tem,
Mas que bom te encontrar.
Linda, os olhos que você tem,
Não achei em mais ninguém,
E é tão bom te admirar.
Teu corpo de curvas que amo caminhar,
Teu prazer em chuva, que adoro me molhar.
E sei que nunca vou conseguir falar,
Que ela bagunça tudo em mim só com um olhar.
E quando ela passa, sem roupa, quase que eu infarto.
Ela ultrapassa, bagunça tudo que eu falo.
Com vergonha ela fica ainda mais gata,
E com ela não preciso mais de nada.
Linda, você me faz tão bem,
E eu não sei o que você tem,
Mas que bom te encontrar.
Linda, os olhos que você tem,
Não achei em mais ninguém,
E é tão bom te admirar.
Ela ultrapassa, bagunça tudo que eu falo.
Com vergonha ela fica ainda mais gata.
Me olha, diz tudo, sem dizer nada.
Teus olhos cor de mel me deixam laranja,
suor no teu corpo sem roupa na cama.
E se tu me pedir mais uma vez,
Te digo que quero mais três.
Amo silêncio, mas adoro teu gemido,
E o jeito que abafa teu grito.
Solta "te amo" na cama e acaba comigo...
Eu escrevi
Eu que te escrevi milhões de versos, hoje travo com a caneta.
Acho que escrever te mantinha aqui, por isso escrevia até quando te esperei.
Por que você ainda estava aqui?
Hoje não sei ter acesso a nós e tudo me dá um nó na garganta.
E eu tenho bebido litros de "era preciso ser assim" e me medicado com lágrimas.
E por segundos eu me pergunto se você se importa,
Se aquela promessa foi verdadeira,
Se aquele foi mesmo seu dia favorito.
Me perdi no que era real e no que eu inventei,
E o universo ter nos confirmado talvez não fosse suficiente.
Engoli você dizer que o amor não era,
E descobri que o querer também não.
E então tudo para mim se tornou incógnita:
Se foi, se teve, se será, se volta, se quis.
Vários "se's" mesmo sendo repletos de certezas.
E eu tento arrancá-las de mim à força.
Só chegam até a garganta.
Então eu apenas quase me curo.
E eu que te escrevi livros completos, hoje sobrevivo de suas quase mensagens, quase toque, quase sorriso.
Isso quase foi um texto.
Eu quase não chorei para escrever isso...
Eu sou 
Eu sou a inteira maré.
Hoje mais inteira.
E talvez esse processo desconcertado seja a razão do nosso desconcerto.
Eu sou inteira, hoje.
E o meu encontro é motivo do nosso desencontro.
A minha chegada, tua partida.
E se tu não visse só tua vinda,
Saberia que eu sempre estive aqui.
Sempre fui assim.
Só não sabia: Esconderam de ti e de mim.
O meu amor te envergonha? Meu afeto te sufoca?
E se eu te dissesse que a tua raiva me deixa morta.
E a sua forma torta de me cobrar teus padrões literalmente me mata?
Quanto eu tento falar e tu me calas.
Quando tua vergonha me esconde.
Quando teu preconceito me afasta.
Então teu padrão é o meu atestado de óbito.
E é óbvio.
Que a morte é culposa.
Mas de quem é a culpa?
Minha que confusa me encontrei?
Ou tua que programada me desencontrou?
Ou talvez do amor, ou talvez dos padrões ou das opiniões.
As opiniões.
Elas que te moldam e são capazes de te controlar.
Fazem você acreditar.
Que é melhor me afastar.
Do que entender e me amar.
E se tu pudesses ao menos respeitar.
Ao invés de nesse olhar o teu repúdio depositar.
Eu conheço o teu olhar e ele mudou.
Hoje vazio e nada sincero.
Ele me rasga o peito e eu imploraria por aquele olhar novamente.
Mas aquela não sou eu, hoje sou.
E se eu soubesse que meu encontro te tiraria daqui e traria tua ira.
Eu ainda assim me encontraria, sim eu me encontraria.
Porque esse encontro estava marcado. Não podia ser anulado e eu nem queria.
Porque eu merecia me encontrar.
Merecia me conhecer e me permitir ser.
Eu ainda me encontraria.
Porque meu encontro me salvou da minha vida.
Me fez inteira.
Então eu precisava me encontrar, precisava ser, precisava chegar.
Eu cheguei, eu sou feliz por saber quem sou mesmo que meu amor te cause dor e que tu nem possa me olhar com teu jeito singelo novamente.
Mesmo que a gente nunca mais seja a gente.
Eu cheguei aqui, e tu se foi.
Eu me encontrei e tu me perdeste.
Eu cheguei onde devia, onde sem saber queria.
Pena que minha chegada...
Signifique a tua ida...
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